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Espetáculo sobre perda gestacional sensibiliza profissionais de saúde
Em uma ação impactante e profunda, o Centro de Arte Paola Zonta, sob a direção da própria Paola Zonta, está realizando um projeto inovador como contrapartida ao subsídio recebido pela Lei Paulo Gustavo para espaços culturais. A ação, que conta com a parceria da Secretaria de Saúde do município, tem como objetivo conscientizar e sensibilizar os profissionais da área sobre a dor e o luto das mães que enfrentam a perda gestacional.
Paola Zonta, em entrevista exclusiva, explicou a origem e a importância dessa iniciativa: “O Centro de Arte Paola Zonta foi contemplado no final do ano passado com esse subsídio (Lei Paulo Gustavo), e, em troca, precisamos realizar três ações no município. A primeira ação ocorreu em março, em parceria com o CAPS. Fizemos uma transmissão e um bate-papo sobre empoderamento feminino. A segunda ação, que está acontecendo agora, é em parceria com a saúde; começou na sexta passada e continua nesta sexta, dia 31 de maio. A terceira ação ocorrerá em junho, em parceria com a Secretaria de Educação”, explicou.
Paola contou que, quando inscreveu e submeteu o projeto para o subsídio, precisou apresentar quais seriam as contrapartidas. Ao contatar a saúde do município, a organizadora conseguiu firmar essa parceria. “Tenho um espetáculo solo chamado "Dessas Interrupções", baseado na minha perda gestacional de 2015. Ressignifiquei minha perda, transformando meu luto em um espetáculo de dança, que estreou em 2017 e fez 28 apresentações entre 2017 e 2018 nos três estados do Sul”, disse. “Viajei muito, apresentando em escolas, universidades e grupos de mães que perderam seus filhos, conhecidos como mães de anjos. O espetáculo teve grande repercussão”, lembrou.
Depois de algum tempo, Paola parou de dançar, mas mesmo assim guardou uma filmagem do espetáculo. Agora, nesta ação com a saúde, o vídeo é transmitido. O espetáculo, que tem 30 minutos, é apresentado aos servidores da saúde, que foram convidados a participar. A saúde fez um cronograma, dividindo os servidores em dois grupos: metade assistiu na semana passada e a outra metade assistirá esta semana. “Após a exibição, faço uma fala, um bate-papo, onde relato minha vivência, minha perda e as situações que enfrentei. O objetivo é sensibilizar e conscientizar os profissionais de saúde sobre o tema. Essas são palavras importantes: sensibilização e conscientização”, comenta Paola.
A profissional avalia que há uma falta de empatia significativa em relação às famílias e mães enlutadas pela perda gestacional. “Existe um tabu em torno do aborto, mesmo quando se trata de um aborto espontâneo. É um luto pouco reconhecido, e as pessoas não entendem por que as mães choram por um filho que nunca nasceu. Muitas vezes, as palavras de conforto, como ‘você é jovem, logo engravida de novo’ ou ‘ainda bem que foi cedo’, não ajudam e podem vir dos próprios profissionais de saúde. Apenas quem já perdeu um filho sabe a dor que isso causa, e essa falta de empatia permeia as famílias enlutadas”, afirmou.
Segundo Zonta, a ideia é trazer o espetáculo como um momento artístico e cultural, seguido por uma fala onde é relatada toda sua história, bem como relatos de outras mulheres que Paola entrevistou durante a criação do espetáculo. “Não é só sobre mim; trago falas e depoimentos de outras mulheres para que os profissionais de saúde se sensibilizem e desenvolvam uma nova perspectiva. Assim, quando enfrentarem uma situação semelhante com um paciente ou alguém próximo, saberão lidar da melhor maneira possível”, avaliou. “Estou muito feliz por conseguir essa parceria com a saúde do município. A primeira sessão foi semana passada e foi muito interessante. Estou ansiosa para a segunda sessão esta semana. Já está reverberando, com outros municípios demonstrando interesse, pois é um assunto que precisa ser trabalhado e discutido”, completou.
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