Atleta de alta performance nos anos 70 e 80, que teve passagem no cinema e foi reconhecido no mundo da publicidade. Contudo, em solo pinhalense, se portava como um anônimo.

Na Linha Pio X, interior de Pinhalzinho, no meio de uma pequena fazenda de búfalos e bovinos, viveu até sábado, dia 7, Atalíbio Magioni, um atleta de alta performance nos anos 70 e 80, que teve passagem no cinema e foi reconhecido no mundo da publicidade. Contudo, em solo pinhalense, se portava como um anônimo. O falecimento se deu aos 78 anos, com sepultamento neste domingo, dia 8, na Casa Mortuária de Pinhalzinho.

A incrível trajetória de Atalíbio Magioni
​
Nascido em Santa Catarina, Atalíbio iniciou sua carreira esportiva como tantos outros atletas de sua época. No final dos anos 60, mudou-se para o Rio de Janeiro para prestar serviço militar na polícia especial do Exército. Após sua baixa, encontrou no remo do Clube de Regatas Vasco da Gama a oportunidade de continuar na cidade e iniciar sua promissora jornada esportiva.
Em 1968, com apenas 21 anos, começou a competir em torneios nacionais e internacionais. A consagração veio em 1971, quando conquistou a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Cali, na Colômbia. Essa vitória histórica marcou o remo brasileiro e colocou Atalíbio entre os grandes nomes do esporte mundial.

Campeão Carioca, Brasileiro, Sul-Americano e Pan-Americano, Atalíbio também representou o Brasil em campeonatos europeus. Em 1973, no Campeonato Europeu de Remo em Moscou, na Rússia, alcançou o 7º lugar geral na mesma prova que o consagrou no Pan.

Canadá e o mundo do cinema
​
Em 1976, Atalíbio Magioni participou das Olimpíadas de Montreal, no Canadá. Foi nesse período que recebeu um convite inusitado: a Ministra dos Esportes do Canadá o convidou para treinar equipes nacionais de remo. Aceitou o desafio e permaneceu no país por mais de duas décadas. Durante dez anos, Atalibio treinou a equipe canadense de remo, três universidades do Canadá e também a consagrada universidade de Harvard, nos EUA.

Durante sua estadia no Canadá, teve uma passagem curiosa pelo cinema. Atalíbio foi o professor de remo de Nicolas Cage para o filme Fúria de Vencer (1986), no qual o ator interpretou um remador. Essa experiência conectou o atleta ao mundo de Hollywood, sendo chamado de hollywoodiano.

Na época, ele também já seguia a carreira de modelo fotográfico, iniciada no Rio após ter servido a Polícia do Exército, com a participação em alguns comerciais e até mesmo em pontas de novelas, como em Selva de Pedra, antigo sucesso da TV Globo. Como modelo, ele diz ter desfilado em passarelas e feito centenas de trabalhos, no Brasil e no exterior, para grandes empresas, como companhias de cerveja e de aviação. A popularidade lhe trouxe outro convite, ser a persona, ou seja, a cara de uma marca famosa mundialmente de cigarros.

O retorno ao Brasil e a vida discreta em Pinhalzinho
​
No início dos anos 2000, Atalíbio retornou ao Brasil. Investiu em empreendimentos, como o Restaurante e Churrascaria Búfalo Branco, famoso na época, e, posteriormente, dedicou-se à pecuária em sua fazenda em Pinhalzinho. Ainda que mantivesse laços com o Canadá, onde parte de sua família permanece, escolheu o interior pinhalense para viver de forma simples e longe dos holofotes.

Seu legado no esporte, deixa uma marca indelével. Apesar de sua vida discreta em Pinhalzinho, Atalíbio Magioni será lembrado como um ícone do remo brasileiro e um exemplo para crianças de que o esporte não é somente um sonho, mas pode se tornar uma realidade e muitas medalhas.