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Será que vem milho dos Estados Unidos para o Brasil?
No último dia 06 de outubro foi anunciada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio), a liberação de mais três variedades de milho transgênico para importação dos EUA para o Brasil. O anúncio era aguardado com grande expectativa e visto como uma solução para o problema do milho no país.
O Ministério da Ciência e Tecnologia, ao qual a CNTBio é vinculada, informou que apenas duas variedades de milho geneticamente modificado da Monsanto e uma da Syngenta foram liberados. A liberação integral das variedades cultivadas nos EUA era aguardada e defendida inclusive pelo Ministério da Agricultura, com a finalidade de amenizar a escassez do milho no país, mas membros da comissão acabaram frustrando essa expectativa liberando apenas três variedades.
Segundo a agência Reuters, grandes consumidores, como produtores de aves e suínos, aguardavam a notícia na esperança de que a oferta de milho norte-americano possa arrefecer os elevados preços do cereal no mercado doméstico, onde os estoques foram apertados por fortes exportações no fim de 2015 e início deste ano e por uma frustração de safra em 2016.
O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, disse à Reuters que negociações de compra de milho dos EUA pelas indústrias de aves e suínos já estavam ocorrendo e dependiam apenas do sinal verde da CTNBio para serem finalizadas. Segundo ele, a expectativa é de que o milho norte-americano possa ajudar a abastecer o mercado local de agora até janeiro, quando grãos da nova safra brasileira começarão a chegar ao mercado. "Não significa que vamos importar quantidades que comprometam a demanda da próxima safra do Brasil. Vai compatibilizar custos, vamos ter garantia de exercer nossa atividade", disse Turra, sem arriscar uma estimativa exata de volumes que podem entrar dos EUA para o Brasil.
MAS NA PRÁTICA, O QUE PODEMOS ESPERAR?
Muito está se falando a respeito, a medida é divulgada como ampla solução para todos os problemas da falta de milho, mas na prática, fazendo contas,olhando a parte operacional do processo, será que vai ter algum efeito? Entre operadores de mercado há dúvidas sobre os efeitos da liberação, existem dois pontos cruciais a serem observados nesse momento que dificultam a vinda do milho norte americano, a segregação do produto importado e o preço.
Quanto a segregação, não encontramos registros de que seja obrigatória, mas entende-se ser necessária porque estão liberadas apenas algumas variedades. Desde o embarque até o consumo pela indústria de rações, é muito complicada e tem custos adicionais. Imaginemos encontrar fornecedores que separem o milho por variedade lá nos EUA e consigam colocar no navio (O que é difícil, pois nos EUA se cultiva 43 variedades atualmente e apenas 27 estão liberadas para importação no Brasil), a descarga no porto, o transporte até as indústrias, a segregação na armazenagem e o uso segregado nas fábricas para produção de rações, é uma operação complicada e custosa.
Outro fator determinante é o preço. Solicitamos a uma consultoria que fizesse aos parâmetros atuais, uma avaliação do preço do milho norte americano posto no porto de Paranaguá. Segundo essa consultoria, a saca de 60 kg chegaria no porto a R$ 39,20 pela cotação de CBOT e dólar do dia 10/10/16. Precisamos acrescentar ai mais uns R$ 6,00 de frete porto até Oeste Catarinense, o que daria hoje um custo aproximado de R$ 45,20 sem contar custos adicionais como armazenagem, espera de navio, corretagem e outros.
São entraves pelos quais achamos difícil vir algum volume significativo de milho norte americano para o Brasil, o que seria viável se não precisássemos segregar o grão e o preço de compra fosse mais baixo. Talvez o dólar possa contribuir, já que a cotação do milho em Chicago está historicamente muito baixa e dificilmente cairá mais.
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