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“Nunca permita que um diagnóstico rotule quem você realmente é”
Você já sentiu seus passos de olhos fechados tentando seguir o caminho tátil de uma calçada? Ou se localizar na total escuridão onde o som e o toque são guias essenciais? Sem romantizar isso, podemos dizer que experimentos comuns como este surgem com a curiosidade de sabermos como é viver sem enxergar. Essa breve mostra nos mostra que o caminho de pessoas com deficiência visual é um tema de desafios profundos onde essas pessoas apenas buscam se localizar no mapa da igualdade.
O assunto é pautado pelo fato que neste dia 13 de dezembro, celebra-se o Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual, uma data que convida à reflexão sobre inclusão, igualdade e os desafios enfrentados pela Ana Paula Bólis e milhões de brasileiros. Nossa entrevistada está com 28 anos, é residente em Modelo, e compartilha sua história de superação e os obstáculos que ainda persistem para pessoas com deficiência visual no Brasil.
A ausência deste sentido, a visão, faz atividades simples como se alimentar ou se deslocar serem desafios agigantados. Em compensação, geralmente a audição, o olfato, o paladar e o tato de desenvolvem para executar essas atividades. Apesar disso, Ana Paula vê na tecnologia uma aliada poderosa capaz de proporcionar a execução de qualquer tarefa. "Os avanços tecnológicos dos últimos anos nos ajudam muito. Com leitores de tela e a sintetização de voz, conseguimos acessar redes sociais, realizar cursos e executar outras tarefas que antes seriam impossíveis", comenta.
Ana Paula é conselheira tutelar e possui formação em Psicologia, com registro no Conselho Regional da área. Apesar de suas qualificações, ela relata dificuldades recorrentes no mercado de trabalho. "As oportunidades surgem, mas existem muitas barreiras até conquistar a vaga de fato", desabafa. Ela destaca que, mesmo com formação e experiência, as respostas das empresas frequentemente vêm acompanhadas de um "não" sob a justificativa de que os requisitos para o cargo não foram atendidos.
"Ainda enfrentamos falta de informação e preconceito diariamente. É como se tivéssemos que provar constantemente que somos capazes de desempenhar nossas funções como qualquer outra pessoa", explica.
Ana também pontua as questões de acessibilidade urbana. Embora algumas calçadas no centro da cidade tenham adaptações, em bairros mais afastados, como onde ela reside, a realidade é outra. "Aqui, em Modelo, não há calçadas acessíveis. Mas, por conhecer bem os ambientes ao meu redor, consigo me adaptar", relata.
A conselheira tutelar acredita que a transformação começa com igualdade, respeito e informação. "Nada nos limita. Resistir sempre, mesmo diante das dificuldades. O não enxergar é só um detalhe que não nos impossibilita de conquistar aquilo que almejamos. Podemos ir muito além", afirma.
Por fim, Ana Paula destaca a importância de cuidar das pessoas e de nunca permitir que diagnósticos rotulem quem realmente somos. "A vida nos desafia constantemente, mas acredito que podemos evoluir sempre. Não somos perfeitos, e isso é o que nos torna humanos”, finaliza.
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