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Afinal, o que aconteceu com 'Tatu'?

Os sete anos que transcorreram desde o desaparecimento de Vilson Soares de Paula, não foram suficientes para pôr um fim a dor sentida pelas pessoas com quem ele convivia, tampouco, a angustiante espera em encontrar uma resposta para o caso que, ainda segue pendente.

Na época, a polícia realizou uma grande operação de busca pela região.

Desde seu desaparecimento, os policiais visitaram dezenas de locais, fizeram inúmeras entrevistas, coletaram dezenas de declarações. Foram horas debruçados sobre o caso e na averiguação das pistas apresentadas pela sociedade

O desaparecimento, que não deixou rastros, criou um mistério que já dura anos.

O enigma, originou uma série de suposições pela sociedade. Vilson foi morto e seu corpo foi ocultado? Ele fugiu? Ele teria atentado contra a própria vida em algum local aonde os seus restos mortais nunca fossem encontrados? Nem a própria família consegue precisar algum desfecho para as hipóteses.

Durante uma conversa com o Jornal Imprensa do Povo, a senhora Marli Terezinha Marmitt, ex-esposa e mãe dos três filhos do serraltense, reitera que ele amava muito os filhos, mas assume que Vilson apresentava-se diferente em relação as atitudes e comportamentos, à época dos fatos.

Para relembrar essa história, a nossa reportagem procurou pessoas que tiveram algum tipo de contato, seja durante a investigação, ou mesmo que mantinham com Vilson uma convivência diária. Alguns questionamentos seguem com as lacunas abertas

O primeiro sinal e que algo estava errado

Para os moradores de Serra Alta, o rosto de Vilson Soares de Paula era familiar. Ele trabalhava como construtor na cidade, aonde também residia, na Rua Castelo Branco, com a esposa Marli Terezinha Marmitt, e os três filhos, Tainara, Naiara, e o pequeno Miguel, que era recém-nascido.

O casal estava junto há 20 anos.

A percepção sobre a mudança no comportamento, foi notada pela esposa, que observou nas semanas que antecederam o desaparecimento, a aflição estampada no rosto de Tatu. As noites de sono e descanso, também já não eram mais as mesmas, ele esboçava sinais de angústia, embora não tenha relatado o verdadeiro motivo do que o atormentava.

"Uns 15 dias antes do sumiço eu notei ele muito preocupado, ele andava muito calado, mas nunca se abriu sobre o que estava de fato ocorrendo. Até levei ele para Campo Erê, para internar ele no hospital para tratar de depressão, mas logo depois ele recebeu alta médica, ou fugiu do hospital, não sei. O certo é que voltou para casa muito rápido", lembra.

Incêndio criminoso

No dia 25 de outubro, o carro de Tatu foi incendiado e uma mensagem em tom de intimidação foi deixada, lembra Marli. "Mataram nossa família, agora vão morrer todos, primeiro você Tato". Essa foi a única ameaça da qual nós temos conhecimento. Talvez ele estivesse recebendo mais ameaças como essa, mas nós não sabíamos. Naquele dia em que colocaram fogo no nosso carro eu lembro que ainda estava clareando o dia, eu caminhava de um lado pro outro dentro de casa, cuidando do bebê, quando notei uma fumaça grande do lado de fora. Um grupo de pessoas nos ajudou a apagar o fogo. Com o incêndio já controlado, lembro que olhei ao redor e notei uma caixinha de papelão. Ainda estava bastante escuro, então pedi para um policial que estava no meu lado iluminar o local, foi quando percebemos que no papelão estava a ameaça escrita", discorre.

Mas porque vingança?

O irmão de Tatu, João Maria Soares de Paula, foi condenado a mais de 27 anos de prisão, por assassinar com golpes de facão sua ex-companheira Giovane da Silva, 30 anos, e a ex-sogra Arminda da Silva de 64 anos. O crime foi praticado no ano de 2013 no bairro Cidade Alta em Saltinho. Três dias depois, João se entregou à polícia Civil na cidade de Serra Alta.

A ameaça à Tatu, feita mais de um ano e meio após o crime hediondo praticado, todavia, parece nunca ter sido comprovada pela polícia como evidência que ligasse a tese do desaparecimento. Sobre a investigação, no entanto, nenhuma informação foi divulgada à imprensa, já que foi tratada em segredo de justiça.

Sumiu sem deixar rastros!

O dia 05 de novembro de 2014 transcorria normalmente para a família, mal sabiam eles que a data mudaria por completo a vida de todos.

Naquela manhã, o senhor Vilson, como de costume, levantou cedo. Por volta das 7 horas dirigiu-se para o trabalho. Foi quando o relógio marcou às 12 horas, que a esposa que já esperava Vilson para o almoço, começou a estranhar o atraso. Com o transcorrer dos minutos, e nenhuma notícia, a aflição foi tomando conta do ambiente. Marli sentia que havia alguma coisa errada.

Por telefone também, as tentativas de contato com o marido foram em vão. O aparelho de celular estava desligado.

O dono de uma loja de materiais de construção, pessoa que mantinha uma boa relação com a família, tornou-se o porta voz das primeiras informações. "Ele foi no local aonde Vilson estava trabalhando para ver o havia acontecido, quando voltou, ele sentou na minha casa. Naquele momento ele começou a chorar, e disse acreditar que o pior havia acontecido, pois o carro do Vilson estava lá, a chave permanecia no volante e não encontrou ele".

Naquele dia, Vilson foi visto pela última vez às 8 horas da manhã. Ele estava no trabalho.

O que aconteceu depois disso, é a chave para o destino

 "A verdade ninguém sabe. A gente ficou sem uma resposta até hoje, é um quebra-cabeça ainda. Me peguei sem chão, ainda mais com um filho recém-nascido. Foi muito difícil, muito sofrido", conta.

."No telefone pelo que a polícia me disse não tinha nada. O irmão dele, também não sabia de muita coisa. Houveram também relatos de pessoas que disseram ter visto ele no Mato Grosso, na rodoviária de lá", recorda Marli.

 A informação que confirmaria a teoria sobre Vilson ter fugido, ainda sustenta por alguns, foi comunicada para a Polícia Civil de Serra Alta e resultou em mais uma grande operação de buscas, dessa vez com o apoio da polícia mato-grossense. Mais um evento, em que a suposição sobre o paradeiro de Vilson, não se confirmou.

Qual será a verdade?

A incerteza é, provavelmente, o sentimento que mais atinge quem está em busca de uma pessoa desaparecida. Para muitos, a ausência de respostas chega a ser pior que a morte, pois deixa o caminho aberto para muitas possibilidades, o que só aumenta a sensação de angústia.

"Eu vivo com a angústia em não entender o que aconteceu. Depois que ele sumiu, eu era o pai e mãe, e continuo sendo. Só que a gente queria saber o porquê aconteceu isso. Não tem um dia que eu não penso nisso, queria ter uma resposta sobre tudo. Se ele sumiu, se ele se matou, ou se mataram ele e consumiram com o corpo, sinceramente eu não sei. Eu tomo remédio para depressão. São altos baixos que vivi nesse tempo, já cheguei a tomar três medicamentos para a depressão. Eu só dormia a base de remédio", conta.

Direitos

O desespero causado pelo desaparecimento foi agravado pela dor em lidar com as burocracias do Estado. E apesar de todo o cansaço, Marli ainda precisou percorrer um longo caminho judicial na garantia de direitos.

Quando o marido sumiu, Marli dedicava-se aos afazeres da casa, ao cuidado com os três filhos, além de realizar trabalhos como diarista e também ajudar o marido nos trabalhos da construtora, para complementar a renda.

Não tinha aonde morar com os filhos

"Foi uma época eu não tinha nem aonde morar. Demorou muito tempo também, mas agora eu consegui uma pensão por morte de um salário mínimo, é um dinheiro que me ajuda bastante', avalia Marli sobre as dificuldades enfrentadas.

Antes de sumir, Vilson havia vendido a casa de propriedade da família, e começado a construir uma nova moradia para eles, em outro local. Todavia, do novo projeto, apenas o que compreende a parte dos alicerces da residência, haviam sido edificados.

Reeditando a própria história

Embora muito difícil dar continuidade as tarefas cotidianas e aos projetos, era algo que dona Marli precisava fazer, e foi através dos filhos que ela encontrou a força necessária para seguir em frente.

"O bebê pequeno precisava de mim. Hoje também eu tenho meu novo companheiro, o Mauro. Nossa família foi abençoada com a vinda do meu netinho. Hoje Deus me deu uma casa, e tenho saúde" disse Marli que argumenta que apesar de todas as dificuldades que passou, ainda encontra motivos para agradecer à Deus.

Caso arquivado

O inquérito sobre o caso foi arquivado, e o caso remetido ao Judiciário. O desaparecimento continua sendo um mistério, já que não existe nenhuma evidência crível sobre o paradeiro de Vilson Soares de Paula, ou de seus restos mortais,

Mesmo assim, qualquer nova informação sobre o caso, que possa apresentar pistas cruciais para a investigação, deve ser repassada para as autoridades policiais de Serra Alta, que compromete-se em resguardar o sigilo da denúncia, ou das fontes.


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