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Escravidão é tema de projeto interdisciplinar em escola de Saudades

  • Divulgação -

A escravidão no Brasil foi um sistema cruel e desumano implantado pelos portugueses no início do século 16. A exploração de indígenas e negros trazidos do continente africano durou mais de 300 anos e deixou marcas profundas na sociedade brasileira. Após 130 anos da abolição da escravatura, o racismo, a pobreza e a violência são consequências desta prática enfrentadas no dia a dia pela população negra no país.

Em novembro, no Mês da Consciência Negra, veja a importância de abordar a escravidão em sala de aula e saiba como uma escola do município de Saudades, no Oeste de Santa Catarina, está trabalhando o tema com os alunos.

Desconstruir preconceitos que estão enraizados na sociedade não é uma tarefa fácil, mas isso é possível através da educação. É o que acredita Diane Dalla Vecchia, professora de História na Escola de Educação Básica (EEB) João Batista Fleck, em Saudades, no Oeste catarinense.

Após folhear um livro didático, a educadora teve a ideia de criar um projeto interdisciplinar em conjunto com a professora de Arte, Sarah Corogodsky Pires, para trabalhar o tema escravidão com os alunos do oitavo ano do Ensino Fundamental.

De acordo com Diane, o projeto foi dividido entre os temas escravidão indígena e africana. Neste último, os alunos conheceram a história da boneca Abayomi, feita com retalhos de tecidos pelas mães para acalmar as crianças e jovens durante as longas viagens nos porões dos navios negreiros.

Segundo a educadora, a boneca é símbolo de resistência à violência praticada contra os escravos. Além de aprender sobre a escravidão indígena e africana, leis abolicionistas e o trabalho escravo hoje, os alunos do oitavo ano do Ensino Fundamental trabalharam também na confecção das bonecas Abayomi.

No final do projeto, a turma entregou uma boneca com a história e o significado para cada aluno e funcionário da escola. "O objetivo é fazer com que os alunos entendessem que mesmo em tempos históricos diferentes o problema da escravidão ainda é presente na sociedade contemporânea" explica Diane.

A importância de abordar a escravidão em sala de aula

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que 54% da população brasileira é negra. Ainda assim, o preconceito racial existe e está presente no dia a dia em todos os setores da sociedade.

De acordo com a professora Diane Dalla Vecchia, para desconstruir esse preconceito é necessário proporcionar nos espaços escolares projetos que trabalhem temas históricos, proporcionando aos alunos experiências e reflexões para que eles possam fazer a diferença nos espaços em que estão inseridos.

Em 9 de janeiro de 2003, a Lei nº 10.639 alterou a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e estabeleceu as Diretrizes e Bases da Educação Nacional para incluir no currículo oficial das redes pública e particular de ensino, a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira". Em parceria com o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB) da UDESC, a Secretaria de Estado da Educação prepara mais uma formação para tratar desta temática, que será ofertada para até 6 mil professores da rede até 2025.

Segundo a educadora, projetos que abordam o tema escravidão potencializam o aprendizado do aluno através do contato com elementos culturais e históricos. "De forma mais direta, o aluno conhece e repassa para os demais colegas da escola o que aprenderam" explica.

Gostou desse conteúdo? Então confira outras matérias sobre ações de destaque nas salas de aula de Santa Catarina no portal EducaSC. O site traz as principais informações sobre a educação catarinense e faz parte do programa da SED que disponibiliza a transmissão de aulas na TV aberta no estado. Acompanhe tudo pelo www.educasc.com.br.

A estudante Larissa Ariane Kreuz, 13, do oitavo ano, ajudou na confecção das bonecas Abayomi e afirma que o projeto lhe passou um aprendizado significativo. "Eu achei a atividade esplêndida. Nos faz enxergar como o estudo do tempo da escravidão foi algo que fez com que muitas pessoas se dessem conta de como os escravos eram criativos e usavam apenas o pouco que tinham", relata a adolescente.

Para a professora Diane, o resultado da atividade foi satisfatório. "Foi muito bom ver a dedicação e o comprometimento dos alunos em produzirem o material, além de alcançar o objetivo que era possibilitar o conhecimento sobre a escravidão, cultura-afro e a história das mulheres negras, assim como proporcionar reflexões sobre a nossa identidade nacional."

Mês da Diversidade Cultural

Durante todo este mês de novembro, o Educa SC apresenta uma série de conteúdos no canal e no portal para falar sobre a Diversidade Cultural e importância de discussão sobre o assunto nas escolas catarinenses.

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