Noruegueses estão na capital do Oeste para produzir o TCC sobre o Verdão do Oeste

A paixão por contar histórias e o amor pelo esporte motivaram os estudantes Fredrik Stuve e Mats Jacobsen Arntzen a viajar mais de 34 horas de Oslo, na Noruega, até Chapecó para produzir o trabalho de conclusão de curso (TCC) sobre a Associação Chapecoense de Futebol. Na quinta-feira (23/03), acadêmicos dos cursos de Letras, Psicologia e Artes Visuais da Unochapecó participaram de um bate-papo com os visitantes.

A ascensão de um time pequeno e com recursos limitados na Copa Sulamericana chamou a atenção dos estudantes noruegueses, que resolveram dedicar seu TCC para contar a história da Chapecoense. Cursando o último ano de jornalismo na Høgskolen in Oslo and Akershus, os dois vieram ao Brasil através de uma bolsa de estudos concedida pela Universidade do país nórdico.

Segundo Matt Jacobsen Arntzen, a pesquisa foi idealizada ainda antes da tragédia ocorrida em novembro do ano passado com o voo da LaMia e tem como foco os torcedores da Chape. "Queremos entender como um time pequeno conseguiu chegar tão longe de forma tão rápida. Sabemos que a torcida foi um elemento fundamental e é sobre isso que queremos falar, sobre as pessoas." Fredrik Stuve complementa lembrando que, agora, o objetivo é também mostrar um outro ponto de vista, sobre como é possível uma cidade se reconstruir após uma tragédia com proporções imensuráveis.

Há quase uma semana na cidade, os noruegueses seguiram um cronograma. Conversaram com torcedores, entrevistaram os jogadores e acompanharam os jogos de perto, na Arena Condá. Para ajudar nas atividades, os estudantes procuraram o curso de Letras da Unochapecó e alguns acadêmicos auxiliaram os jovens desempenhando a função de intérpretes.

De acordo com a coordenadora do curso de Letras, professora Márcia de Souza, o contato com os noruegueses proporcionou aos alunos a oportunidade de colocar em prática os conteúdos estudados em sala de aula. "Além de ser um momento para os acadêmicos treinarem a fluência na língua inglesa, o diálogo com os acadêmicos de outro país contribuiu para uma troca cultural muito rica, porque conseguimos abordar aspectos e diferenças entre as duas nações. Isso com certeza favoreceu a reflexão sobre as diferentes realidades culturais."

A Acadêmica do sétimo período, Ana Valéria Razera, foi uma das intérpretes indicadas pela Unochapecó. Segundo ela, ações como essa mostram como o curso pode direcionar os estudantes para outras áreas. "Essa experiência, ainda que breve, foi muito gratificante, pois quero seguir como tradutora."

Diferenças culturais

Durante o evento desta quinta-feira, os estudantes noruegueses responderam perguntas sobre as impressões que tiveram da cidade e contaram um pouco sobre a Noruega. Para Mats Jacobsen, Chapecó é uma cidade muito acolhedora e animada. "Pela semelhança cultural, sinto como se estivesse no sul da Itália." Indagados sobre a possibilidade de voltar ao Brasil, Fredrik afirma que, apesar das 34 horas de voo, gostaram muito do país, então sim, voltam com certeza.