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Histórias de um garimpeiro
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"Foi uma das grandes experiências que eu tive na minha vida", essa já foi a denominação inicial do nosso entrevistado, Nilson Gosch, contanto sobre a sua vivência no mundo do garimpo.
Na última quarta-feira (21), comemorou-se em todo o país o dia do garimpeiro, data oficial do Brasil, proposta pelo Projeto de Lei 7505/2006, para homenagear os profissionais que se dedicam a exploração da mineração.
O empresário pinhalense que hoje atua na área da construção civil viveu essa experiência aos 17 anos e conta que sua história como garimpeiro aconteceu entrelaçada com a construção civil, sua primeira profissão aos oito anos de idade. Gosch teria sido convidado na época, por um amigo que já estava no Mato Grosso trabalhando na construção de uma casa, para se juntar a ele nos trabalhos. Coincidência, acaso ou destino a residência que ele foi chamado para ajudar a construir era justamente do dono do garimpo. "Um amigo meu na época subiu lá pra Matupá, lá pra cima para construir uma casa. Ele começou essa casa e ligou para o irmão dele. Esse rapaz eu me lembro muito bem dele, porque era muito meu amigo, o nome dele era Elvio Trentin, de uma família tradicional da São José em Nova Erechim. Então ele me convidou, ligou para o irmão dele também para nós subirmos para lá. Acontece que para mim subir na época, porque era difícil, as dificuldades eram grandes, ele teve que mandar o dinheiro de lá para que pudéssemos comprar a passagem aqui, me lembro como se fosse hoje disso. No Mato Grosso eu trabalhei trinta dias na construção civil. Eu já fui para lá trabalhar de pedreiro sabendo que seria pago em ouro, ganharia 10 gramas de ouro por mês para trabalhar na construção civil. Quando já estava no Mato Grosso fiz muitas amizades e percebi então que meus amigos que trabalhavam no garimpo ganhavam aquela quantia que me foi prometida em uma semana apenas".
Ao perceber essa lucratividade no setor, Nilson resolveu dedicar-se também à mineração, mas conta sobre as histórias de ilusão, crimes e dificuldades em terras de garimpo. "Tinham locais lá no garimpo que chegavam a reunir mil e quinhentas pessoas. É uma terra sem dono. Em alguns locais essa atividade resultava em brigas e mortes na disputa pelo ouro. No local que eu trabalhei não, era uma área de família com menos ouro, mas de maneira geral as pessoas vão para esses locais para tentar uma oportunidade na vida, tentar fazer dar certo lá o que já não havia acontecido em suas cidades natais. As pessoas que estavam lá, eram de todas as regiões do Brasil, e os garimpos quando de uma notícia sobre a existência de ouro, através de 'fofocas' como dizíamos, eram invadidos por garimpeiros experientes e também amadores".
Apesar de não tem enriquecido no garimpo, Gosch denota a experiência vivida na época como o melhor ganho. "Eu vi muita gente ganhar muito dinheiro com ouro, mas vi outras tantas perderem tudo, porque não souberam aproveitar. As cidades lá eram basicamente formadas por um local para comercialização do ouro, uma farmácia, e um bordel. Para mim foi uma boa experiência que vivi nesses quase dois anos no garimpo. Eu sempre brinco que eu fui para lá com quatro mudas de roupa, e voltei com duas bem amarrotadas. Ganhei a experiência da vida. Eu tentei, fui tentar buscar uma oportunidade, não voltei com dinheiro, mas com experiência".
Em meados de um sábado de manhã, trabalhando no garimpo com o chefe Gosch conta que recebeu um dos conselhos que mais marcaram a sua vida e notadamente impulsionaram sua carreira e seu sucesso. "Eu e meu chefe estávamos lá em um sábado de manhã batalhando ouro e ele me disse: trabalhe na tua vida, faça as coisas para você crescer um dia com honestidade, mas faça para você, nem que você vá vender mandioca. Crie uma coisa e faça acontecer. Isso me marcou muito, porque a gente era de uma família pobre humilde e eu pensei muito sobre isso naquela época. Eu não consegui estudar, parei com 12 anos, não tinha dinheiro para montar alguma coisa, então aquelas palavras que ele me disse, aquele conselho, me calou muito na época. Quando eu voltei lá de cima esse foi um dos pensamentos que eu sempre tive na minha cabeça, para tocarmos a nossa vida" finalizou o empresário".
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