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Clima

Os impactos do El Niño na agricultura

O El Niño é um dos fenômenos climáticos caracterizados pelo aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico Tropical. Com a intensificação do fenômeno, a agricultura mundial vem sofrendo muitos impactos. As instabilidades são algumas das principais marcas deixadas pelo El Nño.

Enquanto em algumas regiões nenhuma gota de água cai, em outras, as chuvas são torrenciais e incessantes. Por sua vez, ambas as situações comprometem a produção agrícola de cultivos. Doenças e pragas que afetam as plantações são fatores que devem ser observados com atenção, por que o fenômeno é favorável à eles.

Ao mesmo tempo em que os agricultores se preocupam com as incertezas de planejamento e gerência de suas colheitas, os consumidores sofrem com os impactos gerados sobre o preço dos alimentos, que aumentam drasticamente devido a diminuição da produção agrícola, proveniente do clima adverso e da imprevisibilidade.

O secretário de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente de Pinhalzinho, Honorino Dalapossa, afirmou que o fenômeno não pegou ninguém de surpresa, já que há anos se fala do El Niño e geralmente, de cinco a sete anos, o mesmo volta a ocorrer. Segundo Dalapossa, o país também passa pela La Niña, no qual as chuvas são ofertadas à região Nordeste, enquanto o Sul sofre com a escassez. Agora, acontece o inverso: enquanto o Sul recebe grande oferta de precipitações, o Nordeste sofre com as secas.

Mesmo diante desse entendimento, Honorino reconhece que ninguém se preparou para enfrentar um fenômeno tão severo. “Cuidamos das terras da mesma forma que vínhamos fazendo, cuidamos das estradas da mesma forma e com as plantações não foi diferente: cuidamos da mesma forma que vínhamos cuidando nos outros anos. Então quando vem fenômenos assim, os efeitos passam a serem sentidos de forma diferente, pois não se preparamos para enfrentar esse tipo de problema”, pontuou.

Os efeitos do El Niño, segundo Honorino, passam a serem percebidos de fato, no momento da colheita e, no caso do tabaco, no momento da comercialização. Segundo o secretário, para quem tem espaço no galpão para manejar a colheita, ele vai conseguir uma excelente qualidade do produto, mesmo com esse período de chuvas.

Honorino disse que muitas lavouras tiveram problemas nesse período de El Niño, durante a fecundação, pois o excesso de chuvas está trazendo doença fúngica para a cultura de milho, mesmo na fase em que o grão se encontra firme. A questão das pastagens também apresenta problemas, uma vez que quem planta para fazer feno, não consegue colher, já que a pastagem acaba passando do ponto de colheita e não é possível cortar porque ela apodrece, pois são necessários ao menos três dias de sol pós colheita, para a pastagem enxugar.

O gestor de Agricultura disse que não há muitas lavouras de feijão no município, mas as poucas que existem tiveram grandes perdas. “O feijão é uma cultura que sente muito com o volume das chuvas, muito mais que o tabaco. O milho, as pastagens e demais culturas suportam um pouco melhor, mas todas elas sofrem com uma ligeira perda”, disse.

Os desafios impostos pelo fenômeno

Um dos maiores desafios enfrentados em tempos de El Niño está na preparação. “Em anos em que vamos enfrentar um fenômeno como o El Niño, é preciso cobrir o solo com palha, par ater menos perdas de camada de solo nos períodos de chuva, e isso deve ser feito ainda em fevereiro ou março. Esse é o principal desafio: se preparar, ter informações e ter atitude para enfrentar isso”, destacou Honorino.

Com a umidade ofertada, consequentemente a temperatura do planeta tende a aumentar, e com isso, algumas áreas da agricultura sofrem impactos severos. Segundo Dalapossa, os principais problemas deixados pelas temperaturas extremas estão dentro das granjas, como de aves, de suínos e de vacas de leite. “O animal sofre demais. Tivemos morte de frango, morte de suíno e produção de leite reduzida e, quando as vacas perdem, elas não recuperam mais essa produção. Por isso é necessário adequar o ambiente para a produção e manejo dos animais com granjas ventiladas àqueles que possuem animais presos. Aos que possuem animais soltos, é necessária uma boa sombra para os animais. Essas são medidas que minimizam as perdas”, ressaltou.

Conforme Dalapossa, o governo municipal sempre oferece estratégias para amenizar as perdas, porém nesse caso, não houve muito o que fazer, porque não foram registradas perdas expressivas, a ponto de merecer uma atenção mais pontual. “Tivermos muito mais prejuízos públicos do que particulares. A perda é muito pequena para cada agricultor, mas ela existe de fato, porém não é expressiva”.

Honorino finalizou dizendo que o município buscou apoio do Governo do Estado de Santa Catarina e foi contemplado com R$ 500 mil, para restaurar a infraestrutura do município. Sobretudo, o El Niño pode ter impactos significativos na agricultura, afetando a produção de alimentos, a disponibilidade de água para irrigação e causando dificuldades para os agricultores lidarem com condições climáticas extremas e imprevisíveis.

Por Guilherme Detoni

Por Guilherme Detoni

reportagemdetoni@gmail.com

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