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Além do autoconhecimento

Os profissionais Dilvane Balen e Sedinei Luiz Lemes da Silva, a partir da próxima semana, estarão escrevendo uma coluna semanal abordando mais sobre o tema.

Você já ouviu falar em Filosofia Clínica? Quem vai falar sobre essa metodologia são os profissionais Dilvane Balen e Sedinei Luiz Lemes da Silva. A partir da próxima semana, estarão escrevendo uma coluna semanal abordando mais sobre o tema.

Mas, para todos entender, a Filosofia Clínica tem sua fundamentação na filosofia acadêmica que desde sua origem tem como objetivo o benefício humano. Propõe-se a pensar junto, a refletir sobre a própria existência e possíveis maneiras de torná-la melhor. Busca o bem estar subjetivo daquele que procura a clínica para partilhar suas questões, o partilhante, alguém que compartilha momentos de sua existência.

Após uma intensa pesquisa o gaúcho Lúcio Packter chegou ao método da Filosofia Clínica e a dividiu em três partes: Os exames das categorias, a estrutura do pensamento e os submodos. A base para o desenvolvimento do processo terapêutico é a história de vida da pessoa que procura a clínica, contada por ela mesma.

Através dos exames categoriais o filósofo clínico localizará a pessoa existencialmente, compreenderá como ela age nos contextos, como e com quem se relaciona, qual o peso, a qualidade, a intensidade dessas relações e como isso influencia ou não na sua vida. Entenderá como esta pessoa se relaciona com o tempo, se está voltada para o passado, presente ou futuro, se é acelerada ou lenta demais pelos contextos que habita.

Seguindo a escuta atenta e qualificada da história de vida do partilhante, o Filosofo Clínico compreenderá como a pessoa se estruturou ao longo da vida. Desde suas lembranças mais remotas até as vivências atuais, tudo o que entrou em contato com a pessoa a tornou um ser único, singular. Por vezes esses conteúdos internos, pelo modo como foram se ajustando na pessoa podem gerar choques, sofrimento, e tantas outras manifestações possíveis.

O modo como esses conteúdos da Estrutura de pensamento se expressam, são denominados submodos e denotam o modo de ser, exclusivo de cada um, como a pessoa lida com suas questões, como age, reage e interage. A Filosofia Clínica considera cada pessoa um mundo único no seu ambiente existencial.

Como um Filósofo Clínico pode ajudar?

Você já passou por alguma situação na vida e teve a sensação de que o chão havia sumido? Não sabia direito como agir, o que fazer, como resolver um dilema, um problema. Você já padeceu por algo ou alguém, sentiu que o mundo virou de ponta a cabeça como se lhe fosse tolhida a capacidade de decisão e de autonomia. Você alguma vez se viu diante de um contexto difícil e não sabia como sair deste lugar? Seja um emprego, um relacionamento, uma cidade... sentiu-se como se estivesse preso numa armadilha?

Como você resolveu estas questões? Alguns se desesperam, outros adoecem, outros ainda se precipitam e tomam decisões com urgência para se ver livre o quanto antes, algumas pessoas buscam respostas prontas, nem sempre adequadas para a situação, outros vão se aconselhar com pessoas próximas que em muitos casos tem a boa intenção de ajudar, porém acabam aconselhando com elementos que fazem sentido para si, mas que para aquele que busca não é adequado por não estar contextualizado e não ter a ver como o modo de ser da pessoa.

E então no Filosofo Clínico encontrará um amigo, que passou por vários anos de formação, que teve antes de tudo que se lapidar, treinar a escuta, aprender a silenciar o que é seu, suas verdades, seu modo de ver o mundo, para poder enxergar o outro, permitir que o outro se desvele, um amigo capaz de ouvir sem interromper para mostrar que suas feridas são maiores, um amigo capaz de acolher e ouvir, sem de imediato dizer que você está errado, que a vida não é assim, que por vezes se sonha demais, pensa demais, que escolhe demais, que trabalha demais, um amigo que ouve e aprende sobre você antes de sair dizendo qualquer coisa.

Estes são alguns dos motivos pelo qual algumas pessoas tem procurado auxílio na clínica filosófica, e então encontram no Filósofo Clínico um ouvinte atento, respeitoso, com abertura suficiente para não julgar, com disposição para provocar o pensar sem aconselhar, sem apresentar respostas prontas. Alguém com quem se possa pensar junto e buscar possíveis resoluções numa construção compartilhada entre filósofo e partilhante.

Porque estudar Filosofia Clínica?

Para não se achar errado na família, no mundo ou consigo mesmo só porque não sente o que supostamente todos deveriam sentir. Muita gente sofre disso sabia? Acham que por não namorar na idade em que todos namoram, por não terem filhos quando todos tem, por não trabalharem ou serem o que todos parecem ser os mesmo tempo, acham-se um espinho em meio as flores da vida.

Entre outras coisas, estudar Filosofia Clínica é para aprofundar noções de que a pessoa não é um automóvel, uma máquina, que não tem a obrigação existencial de cumprir prazos, metas, números e que não podemos medir uma pessoa como medimos um motor. Gente costuma suar, envelhecer, ter dor no peito e na saudade; gente costuma rir e chorar, às vezes as duas juntas; gente costuma ser gente e raramente gente costuma ser coisa.

Cada pessoas costuma ser única do princípio a eternidade. Cada pessoa, ama, perde, vive, recebe, doa, participa, faz as coisas de um modo inédito, único. Fórmulas, cálculos servem para construir prédios, mas são poucos indicadas para lidar com muitas pessoas.

Espaço Filosofia Clínica

Conforme a filósofa clínica, Dilvane Balen, do Espaço Filosofia Clínica (EFC), atuam em três frentes de trabalho, os cursos de formação em filosofia clínica, a terapia individual e também palestras e consultorias empresarial.

Na terça-feira (19), iniciou mais uma turma do curso de formação, que é voltado para qualquer pessoa que tem interesse na área existencial, para se conhecer melhor, conhecer o mundo, entender melhor onde está inserida, o porquê muitas coisas acontecem. "Essas são algumas buscas, mas cada uma chega de uma forma,", explica Dilvane.

Essa é a segunda turma que está em andamento em Pinhalzinho. As inscrições ainda estão abertas e os encontros ocorrem todas as terças-feiras, às 19h30, no Espaço Filosofia Clínica. A duração do curso é de dez meses.

Já a terapia, conforme Dilvane, é mais pontual, voltada exclusivamente para cada pessoa que chega, é uma terapia toda artesanal, requer muitos cuidados por parte do Filósofo Clínico, como uma escuta qualificada, atenta e respeitosa , é importante compreender , ir ao mundo do outro o mais imparcial possível, para somente depois numa construção compartilhada entre Filósofo Clínico e partilhante ir em busca as resoluresoluções de suas questões. . "Na filosofia clínica valorizamos muito a singularidade, que é a construção histórica da pessoa. Procuramos entender como essa ela se estruturou ao longo da vida , como ela é, como age, como interage, como reage, como toma decisões, como ela é por dentro e como ela é neste dialogo com o mundo fora dela. Neste processo as vezes vamos encontrar choques, e o nosso trabalho é ajudar a pessoa a diluir esses choques", diz.

Em Pinhalzinho, de acordo com Dilvane, esse trabalho da filosofia clínica iniciou no ano passado. "Formamos um grupo, começamos a dialogar, após formamos uma turma e essa turma está em andamento desde maio de 2018", aponta.

Dilvane enfatiza que a filosofia clínica não trabalha com patologias, diagnósticos, ou tipologias porque valoriza a singularidade. "Se cada ser é único, ele é único em comparação com quem? Com ninguém, a não ser com ele mesmo. Por isso atuamos no sentido de valorizar a singularidade, procuramos entender os choques, que causam os desconfortos existenciais. Quando trabalha com patologias, tipologias, enquadramentos, muitas pessoas saem falando eu tenho isso, eu sou isso, e passam a viver esse diagnóstico. Olhando na historicidade, às vezes isso é algo pontual, ele se dilui, é o momento que essa pessoa está vivendo, mas não podemos reduzir a pessoa a esse momento, tem muito mais pessoa para além de um problema que está vivendo naquele momento, no contexto difícil que esteja vivendo. Por isso não trabalhos com a patologia e o diagnósticos, lidamos com a história de vida da pessoa, trazida e contada por ela mesma e entendemos o modo de funcionamento desta pessoa e vamos tentar diluir os choques desta pessoa, de forma compartilhada, uma construção conjunta que faz com o partilhante que é aquele que chega trazendo suas questões existenciais e nós vamos caminhando juntos", explica.

O filósofo Sedinei Luiz Lemes da Silva, acrescenta que a filosofia clínica é diferenciada é aonde a pessoa vem compartilha, com carinho e respeito o filósofo clínico se coloca no lugar da pessoa e com todo o conhecimento que já vem de séculos, se põem no lugar do outro, escuta com alguém para caminhar junto. "Quem vai fazer a maioria dos esforços, do trabalho é o partilhante, após, com muita ética, cuidado e respeito, o filósofo fará o encaminhamento dentro da historicidade daquilo que é da própria pessoa", aponta.

Conheça os filósofos clínicos do Espaço Filosofia Clínica de Pinhalzinho

Dilvane Balen, nascida em 12 de agosto de 1980, natural de Nova Erechim-SC. Possui graduação em Licenciatura Plena em Filosofia pela Universidade Comunitária Regional de Chapecó, Unochapecó. Participou de seminários de pós-graduação no exterior nos seguintes países: Colômbia, Espanha, Portugal, Israel, Escócia e Grécia. Pós-graduada em práticas pedagógicas interdisciplinares e em Filosofia Clínica pelo Instituto Packter. Coautora do livro narrativas de felicidade. Atualmente é professora titular, terapeuta e diretora geral no Espaço Filosofia Clínica - Pinhalzinho. Membro do conselho editorial da revista Partilhas IMFIC- Minas Gerais. Secretária da ANFIC - Associação Nacional de Filósofos Clínicos. Professora convidada na Universidade Tecnológica e Monterrey TEC - México. Atuando na área a mais de 10 anos.

Sedinei Luiz Lemes da Silva, nascido em 28/09/1977, especialista em filosofia clínica pelo Instituo de filosofia Clínica Vale do rio Uruguai, ano de conclusão 2017. Pós-graduado em filosofia e psicanálise pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó (UNOCHAPECÓ), ano de Conclusão 2011. Atualmente é secretario de Educação, Cultura, Esporte e Turismo no Município de Águas Frias, SC.

Sedinei é natural de Cel Freitas, pertencente hoje ao Município de Águas Frias, SC. Desde muito cedo saiu de casa para estudar, residindo em algumas capitais como Curitiba e São Paulo, na maioria desta trajetória esteve ligado ao Seminário da congregação Missionários do Sagrado Coração de Jesus na época desejava seguir a vida religiosa.



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