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Mochila nas costas e pé na estrada

Amigos pinhalenses realizam mochilão para Uruguai e Argentina, durante 14 dias, através de caronas

Através de caronas, dois amigos pinhalenses resolveram desbravar um pouco da América Latina de uma forma diferente. O mochilão de Mateus Silveira e Vinicius Guth Floss iniciou dia 21 dezembro de 2018, em uma sexta-feira, sem saber o que iriam encontrar durante o caminho. O destino, bem, era o Uruguai e Argentina. Quando chegariam, não se sabia ao certo. No entanto, em 14 dias, os pinhalenses puderam aproveitar a viagem.  

O objetivo dos amigos era viajar através de caronas, sem muitos gastos e apenas com uma mochila nas costas. Na manhã do dia 21, início da viagem, os dois foram até a BR 282, trevo Oeste, em Pinhalzinho, para iniciar o mochilão. Em questão de cerca de 15 minutos, chegou a primeira carona, que os deixou no trevo entre os municípios de Cunha Porã e Maravilha e, durante todo o dia, o percurso foi traçado desta forma. Depois de concluírem o trajeto com uma carona, era o momento de esperar por outra, e assim sucessivamente.

O percurso do primeiro dia durou até as 22h, quando os amigos conseguiram, enfim, chegar até Pelotas, no Rio Grande do Sul, depois de conseguirem sete caronas. Conforme citado por Mateus, as caronas, de forma geral, foram tranquilas, mas o que puderam perceber é que as pessoas olham muito pelo estereótipo no Brasil, pois uma das caronas citou algo que não costuma dar carona para pessoas com tatuagem, touca, usando casacos largos ou bonés.

O dia, no entanto, rendeu como o esperado pelos jovens, que por fim, conseguiram chegar mais perto da fronteira com o país uruguaio. Ao fim do dia, encontram uma kitnet para passar a noite, tendo em vista que logo pela manhã do outro dia, já seguiriam viagem. Mateus cita que, no planejamento da viagem, imaginava que poderiam sair algumas noites para conhecer a vida noturna nos diferentes lugares, mas, de modo geral, não foi o que aconteceu. "Como passávamos o dia todo caminhando, creio que em média fazíamos 5 km por dia, chegávamos sempre esgotados nos hostels, e só tínhamos energia suficiente para fazermos a janta, tomarmos banho e dormirmos", comenta.

O sábado, dia 22 de dezembro, amanheceu bonito, e em questão de pouco tempo os jovens conseguiram carona com uma van. Durante o trajeto, Mateus comenta que foi possível perceber, ao chegar mais perto do Uruguai, a diferença do relevo. "Nunca vi tanta reta na minha vida quanto no Uruguai. Mesmo em território brasileiro, perto da fronteira, são 230 km entre a cidade de Quinta até Chuí, e apenas três curvas durante o trajeto, assim como pudemos perceber bastante capivaras ao lado da rodovia". Ao chegar em Chuí, foi necessário apenas atravessar a rua para estar em território uruguaio e, pronto, eles conseguiram chegar no país vizinho, através da ajuda de nove caronas.

Em território uruguaio

Ao atravessar a fronteira, foi rápido para que os amigos conseguissem carona. O próximo destino, no entanto, era Punta del Diablo. Ao chegar, puderam conhecer um pouco da cidade, buscar um lugar para comer e, enfim, um hostel para passar a noite.

No outro dia, caminharam parte da manhã pela cidade, até que, perto do meio dia, retornaram para o hostel e seguiram para a rodovia, para buscar a próxima carona até Cabo Polônio. Segundo Mateus, a parte mais cansativa do mochilão é a ida e a volta para o destino principal, isso porque, ao chegar no Uruguai, por exemplo, foi simples prosseguir a viagem, tendo em vista que daria geralmente de uma a três horas para chegar na próxima cidade que os jovens desejavam conhecer.

Ao chegar em Cabo Polônio, Mateus cita que foi uma cidade que o marcou bastante. "Não tinha energia elétrica e nem água corrente. Eu não conseguia me desligar, senti falta de Wi-Fi e de luz para carregar o celular, porque não tinha o que fazer, era só conversar e visitar os lugares. Mas foi muito legal a experiência", relata. A cidade é quase como um povoado, tem cerca de 30 moradores, e é muito turística, no litoral, conforme cita Mateus. A falta de energia elétrica dificulta para aqueles que estão acostumados com luz, geladeira, tomadas ou internet.

Depois de dois dias na cidade, era hora de mudar o destino. As próximas cidades que os amigos visitaram no Uruguai foram Punta Del Este, Montevidéu e Colônia do Sacramento. No total, foram oito dias em território uruguaio, de cidade em cidade. "Nós ficávamos um dia em cada cidade, geralmente, no máximo foram dois em Montevidéu e Cabo Polônio. Em Montevidéu, nós pensávamos que iriamos ficar mais tempo por lá, mas não tinha muito o que fazer. Tem bastante pontos turísticos, lugares para passear, mas também o que nos complicava era a situação financeira. E as pessoas nos falavam que na Argentina seria mais tranquilo, porque o real está valendo mais com relação ao peso. Então queríamos ir logo para a Argentina", comenta Mateus. E, assim, surgiu o próximo destino: Buenos Aires, a capital argentina.

Três dias na Capital

O domingo, dia 30 de dezembro, foi o dia em que os jovens atravessaram a fronteira para chegar ao território argentino. Era uma hora para atravessar a fronteira, pegar um navio e fazer a travessia pelo rio. "Lá era bem melhor, Buenos Aires me marcou, é uma cidade muito legal. Foi uma experiência bem interessante. Ficamos três dias por lá, visitando, conhecendo, e ainda não deu para conhecer tudo, porque é muita coisa, tem muitos pontos turísticos para conhecer. E nós pagávamos apenas R$ 36 a diária no hostel, foi o lugar que pagamos mais barato em toda a viagem", relata Mateus.

A rotina por Buenos Aires foi até quarta-feira pela manhã, dia 02 de janeiro. Para sair de lá, os amigos relatam ter sido complicado. "Como a nossa intenção era viajar barato, nós pensamos em pegar metrô para sair da cidade, mas nós não conhecíamos os horários e, em torno de seis horas, fizemos 100 km", conta Mateus. A complicação foi um pouco maior pelo fato de chover no dia, e quando chove, se torna mais difícil para arrumar carona. Depois de conseguirem o metrô para sair da capital, os jovens optaram por um trem até a cidade de Zárate.

Volta para casa

Nesta cidade, quando a chuva havia cessado, os amigos conseguiram, novamente, uma carona, para continuar o caminho de volta para casa. No entanto, a próxima carona foi um fato que os dois relatam como "algo que não tem preço". Até Concepción del Uruguay, na Argentina, eles pegaram carona com dois homens, um era professor de história, e eles conversaram, brincaram e até mesmo ensinaram espanhol aos brasileiros. "E aí eles nos perguntaram onde iríamos ficar, porque já estava escurecendo e chovendo, e nós respondemos que não tínhamos lugar para ir. Então, ele nos convidou para ir até a casa dele, lá tomamos banho, jantamos, bebemos vinho, ele nos levou para conhecer um pouco sobre os pontos históricos da cidade, nos ajudou com as passagem e nos levou até a rodoviária, para pegarmos o ônibus. Nós fizemos uma amizade muito boa, foi muito legal. Uma experiência incrível", conta Mateus.

Depois de conseguirem o ônibus, a próxima cidade foi Uruguaiana, na divisa entre o Brasil e Argentina. "Esse era o nosso objetivo, queríamos chegar pelo menos perto de Uruguaiana. E como de carro não tínhamos conseguido chegar nem perto disso, acabamos pegando o ônibus, e no fim deu tudo certo. Viajamos de madrugada e chegamos na fronteira", relata.

Para atravessar a fronteira, foi necessário que os jovens pegassem um táxi, tendo em vista que não era permitido atravessar a ponte à pé. Os jovens atravessaram com chuva e, no entanto, também não poderiam pegar carona na fronteira. Então, mais uma vez, o rumo foi a rodoviária. O destino do próximo ônibus foi São Borja, local em que parou um pouco a chuva e, novamente, os amigos conseguiram buscar carona. "Ficamos duas horas esperando até conseguir, foi o dia que mais demorou. Mas, no fim, conseguimos uma carona até Panambi", conta Mateus. Depois de Panambi, mais um ônibus, desta vez com destino para Chapecó. Os jovens chegaram em casa na sexta-feira pela madrugada, dia 04 de janeiro.

Troca cultural

A experiência citada pelos jovens é como algo que não tem preço, literalmente, uma experiência que fica para a vida. "É uma troca cultural impagável, indiferentemente se for de mochilão ou de outra forma, as pessoas precisam viajar para conhecer isso. A importância do conhecimento da língua também, eu não sou fluente no inglês, mas fiz amizades que vou levar para o resto da vida, e se não fosse pelo inglês, não conseguiria me comunicar", comenta Mateus, quanto às experiências vividas durante a viagem.

Segundo Vinicius, a viagem foi uma forma de se colocar em posições que não se colocava antes. "Você acaba conhecendo pessoas totalmente diferentes, que possuem comportamentos diferentes e se relacionam de formas distintas. Você acaba fazendo amigos de tudo quanto é lado, porque geralmente em hostel, tem pessoas de vários lugares. Acontecem coisas na viagem que marcam, que fazem valer a pena. É uma forma de deixarmos de ser tão enjoados com as coisas, e aprendemos a ser o mais simples possível. E isso também traz uma energia diferente quando você volta, parece que você passa a se relacionar melhor com as pessoas e com si mesmo", avalia.

O tempo de toda a viagem foi de 14 dias, mas, para Vinicius, o tempo se estende e vai muito além disso. "Parece que em cada dia se passam cinco, você vive em uma intensidade que é bem difícil encontrar em uma vida cotidiana. É uma coisa muito enriquecedora", complementa.

No entanto, o desejo de fazer o mochilão ainda não acabou. Os amigos planejam ir ao Chile, passar mais tempo, por cerca de um mês. A viagem até o Uruguai e Argentina teve tempo estipulado de, no máximo, 15 dias, devido ao período de recesso de trabalho de Mateus. "Nesse tempo nós tivemos que nos organizar para visitar os lugares que queríamos e o tempo de viagem, para voltar a tempo", finaliza Mateus.


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