| Saudades celebra cultura germânica na 2ª Mostra Cultural de Dança
Entre Brasil e Argentina

-
Divulgação -
Médica pinhalense que se formou e iniciou a carreira no país vizinho conta como foi voltar para casa
Aos 41 anos, Karize Aimi tem sua carreira como médica clínica consolidada em Pinhalzinho. Mas, para chegar até aqui, teve que superar muitos desafios, principalmente por ter se formado em uma universidade da Argentina. Mesmo sendo natural da Capital da Amizade, ao retornar para o Brasil para trabalhar em um município vizinho de sua cidade natal, sofreu preconceito por ser vista como médica estrangeira, já que sua inserção no sistema de saúde brasileiro se deu por meio do programa Mais Médicos. Com o passar dos anos, Karize conquistou a confiança da comunidade com profissionalismo e dedicação, se tornando referência na região na área em que atua.
Karize foi para Buenos Aires, capital da Argentina, para estudar medicina. Foram seis anos de graduação pela Universidad Abierta Interamericana, se formando em 2007, e outros dois de residência médica, que também fez no país vizinho. Ela afirma que o ingresso nas universidades argentinas, sejam elas particulares ou públicas, é simples e não precisa de vestibular. Porém, ao entrar, é necessária muita dedicação para se manter e concluir o curso.
"O nível é muito alto, muito bom, mas é difícil. As provas são teóricas e práticas, todo assunto tem prova oral e escrita e tem que passar nas duas, então se torna difícil. Além de tudo, tem a barreira do idioma. No início, eles toleravam o portunhol, mas, com o passar do tempo, passaram a exigir uma experiência mínima do idioma, o que é justo porque se você vai estudar em outro país, precisa saber se defender na língua nativa", conta.
Após finalizar o período de residência, Karize estava concursada para trabalhar em um hospital de lá quando decidiu se inscrever no programa Mais Médicos do Brasil, que saiu em 2013. Veio morar em Pinhalzinho para atuar em Saudades e ficou por seis anos trabalhando na Unidade Básica de Saúde daquele município. "Gostei muito do trabalho, da cidade, já conhecia por ser pinhalense e foi uma experiência bem diferente, porque na Argentina eu trabalhava em hospital, clínica particular e UTI, e quando vim para casa trabalhei com a saúde básica, a porta de entrada do sistema de saúde".
Mas por ter estudado e iniciado a carreira na Argentina, a pinhalense diz que inicialmente era tratada como médica estrangeira, mesmo tendo nascido aqui. "No início foi difícil por ser médica estrangeira, por mais que eu fosse pinhalense, brasileira e conhecida por aqui, mas nunca deixei de ser uma médica estrangeira, tem esse preconceito. Eu sempre digo que venci essa barreira, no início sentia dos próprios colegas uma certa diferença, nunca me humilharam, nunca me falaram nada, mas eu sentia essa diferença. Venci a barreira e hoje me dou bem com eles", relata.
No mesmo ano em que veio para o Brasil pelo Mais Médicos, Karize fez a prova do Revalida e, em 2014, já tinha o registro do Conselho Regional de Medicina (CRM) e começou a atuar no hospital de Pinhalzinho. Hoje, a pinhalense é coordenadora do pronto socorro e da internação do hospital e é diretora técnica da saúde da Secretaria Municipal de Saúde.
Paralelamente a isso, há três anos Karize é proprietária da Clínica Aimi, de Pinhalzinho, que oferece várias especialidades ao município e região. "No meio de toda essa fase e já instalada, a cidade crescendo e tudo deve acompanhar, a gente sentiu necessidade de crescer junto, expandir. Conseguimos trazer alguns especialistas e ainda tem necessidade de outros e a gente sempre tenta trazer. Abrimos a clínica em março de 2018 e, aos poucos, vários profissionais foram chegando e fechando parceria, e estamos indo muito bem", destaca.
Deixe seu comentário