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Prisão de médico em Florianópolis estimula denúncia de 18 mulheres em dois dias

  • Betina Humeres / Agencia RBS -

São 30 boletins de ocorrência por estupro a pacientes registrados contra o profissional de 66 anos

Dezoito mulheres procuraram a 6ª Delegacia de Polícia Civil em Florianópolis entre terça e quarta-feira para denunciar a conduta do nutrólogo Omar César Ferreira de Castro, que possui consultório no topo do Ceisa Center, no Centro de Florianópolis. Já são 30 boletins de ocorrência por estupro a pacientes registrados contra o profissional de 66 anos que foi preso temporariamente na manhã de terça-feira. A investigação, que corre há um ano em dois inquéritos, será finalizada até 16 de março. 

- As mulheres devem vir na delegacia registrar os boletins de ocorrência. Independente da data que tenha acontecido, ela pode registrar o fato como ela quiser. Também estamos com uma pessoa deslocada especialmente para tomar os depoimentos na semana que vem. Os relatos serão anexados ao inquérito - explica o delegado que lidera a investigação, Ricardo Thomé, sobre a continuidade delitiva do processo. O policial acrescenta que os relatos do modus operandi do nutrólogo se repetem: elogios, apalpadas e beijos forçados, por exemplo. 

O médico segue detido no espaço denominado "seguro" no Complexo Penitenciário da Agronômica. Castro tem até o dia 16 de março, quando completa um mês da prisão temporária, para ser novamente ouvido pela Polícia Civil. 

- [Ouvir o médico] É última parte que nos interessa. Temos que desenrolar essa história - diz o delegado Thomé em relação à análise do depoimento de novas vítimas e também do teor dos arquivos contidos nos computadores e câmeras de Omar. 

Ainda na fase de instrução do inquérito, em novembro, Castro foi chamado para depor e negou a acusação. A defesa do médico, representada pelo advogado criminalistaAlceu Pinto Júnior, segue sem se manifestar. O criminalista respeita o pedido de familiares do nutrólogo. 

Possível novo caso de estupro com conjunção carnal 

Na terça-feira, o advogado Francisco Ferreira representava cinco vítimas do médico. Até a tarde desta quarta-feira, havia sido procurado por outras seis mulheres. Segundo o criminalista, há um segundo caso de estupro com conjunção carnal. 

- Até então o inquérito estava amarrado em cima de um caso de estupro com conjunção carnal. Agora surgiu outro, de uma vítima que vou representar - diz. 

Nesse contexto, Ferreira se queixa que não tenha sido expedido um pedido de prisão preventiva em vez de temporária ao médico. 

- Lamento que essa prisão tenha sido decretada sob modalidade temporária. Ele [médico] mostra ameaça à sociedade. Além do fato que ele poderia apagar provas desde que foi ouvido em novembro. Isso causa perplexidade tanto às vítimas quanto aos operadores de direito. 

Sindicância deve ser aberta nesta quinta-feira no CRM 

Foi entregue na tarde de quarta-feira o material jornalístico sobre a prisão do médico Omar de Castro ao setor de processos do Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC). A sindicância para apurar a acusação deve ser aberta nesta quinta-feira, conforme a assessoria de comunicação do órgão. Não sem antes o corregedor do conselho designar um conselheiro sindicante responsável. 

 O caso tem prioridade, conforme o presidente do CRM-SC, o médico Antônio Silveira Sbissa, e tem como pena máxima a cassação dos três registros ativos do profissional: clínico-geral, anestesiologista e nutrólogo. 

- O caso tornou-se assunto público. O processo vai seguir dentro dos caminhos habituais para isso. Ex officio porque não houve denúncia ao conselho. Qualquer uma que tenha se sentido abusada pode denunciar. No cremesc.org.br, existe um item que orienta como proceder - esclarece. 

Conduta abusiva

"Tudo isso é verdade! Abraços forçados, perguntas sobre a vida sexual e intimidade, toques, segurar suas mãos e não soltar, na saída trancá-la no abraço e tentar beijá-la SIM ou então um beijo bem forte na bochecha, testa enquanto alisa suas costas SIM. Essa da 'miss' é clássica. Isso TUDO é bem típico dele. (...) Não sofri um ABUSO, nem estupro, que bom.", comentou na página do Diário Catarinense no Facebook uma mulher. 

Outra disse "Consultei umas 5x com ele e na última vez, ele quis 'ouvir meu coração' e chegou ate perto demais com jeito estranho e toques diferentes. Me encomodei e sai de perto dele...suas atitudes eram muito estranhas e então eu parei de ir nas consultas!!!"

De acordo com o Código Penal, "constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso" configura crime de estupro. Porém, mais complicado, é diferenciar um ato criminoso de um procedimento médico. 

- Provavelmente em alguns momentos essa fronteira ficará mais difícil, mas é claro que depende muito da especialidade, do exame. O que chama mais atenção nessas senhoras que denunciaram é que as consultas desse médico eram dirigidas à nutrologia e que naturalmente não tem a ver com essas atitudes - pondera o representante do CRM-SC. Ainda segundo o médico Antônio Silveira Sbissa, que reforça a existência de itens no Código de Ética Médica que combatem condutas abusivas, exame físico não deve ter limites, mas deve ser feito dentro da técnica, da semiologia, e do bom senso.   

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